domingo, 20 de dezembro de 2009

Adeus ano velho ?

Será mesmo que quando mudamos o ano deixamos para trás tudo o que vivemos no tal ano velho e começaremos a tal vida nova prometida pelo ano novo ?
Eu nunca fui a pessoa mais desprendida do mundo, por isso, nunca me desvinculei do que vivi em um ano quando comecei a alterar o calendário para outros digitos ...
Nada me faz perder o que eu passei, o que eu sofri, o que eu sorri, nenhum ano é igual ao outro e por isso eu carrego comigo ano após ano tudo o que fui nos anteriores, talvez por isso a cada primeiro de janeiro, já estou fadada ao cansaço durante mais um ano inteiro.
Neste ano em especial, farei a tentativa de abandonar pelo menos o que já estava dado por encerrado antes mesmo que eu chegasse a dezembro.
As amizades que eu perdi, as oportunidades de dizer o que eu sentia , a oportunidade de trabalhar em qualquer outro local que não este em que passei de março a dezembro me doando tanto para ser dispensada , o fracasso de acreditar em coisas e pessoas que não deveria , tudo quanto me fez mal durante um dois mil e nove aberto a minha mudança de olhar, meu jeito de falar.
Ganhei porém coisas boas, estas sim, levo na bagagem para o dois mil e dez que não será novo, em que não prometerei perder dez kilos, em que não vou jurar ser mais cautelosa, porque eu sou a mesma , seja lá qual ano for, as vezes mais madura mas as vezes insegura, as vezes mais cosciente as vezes mais inconsequente.
Vez ou outra apareço por aqui e releio o que eu postei, surpresa maior é saber que meu modo de delinear a vida e meus dias é basicamente o mesmo, da primeira a última postagem são poucas as vezes em que denunciei uma felicidade imensa e dias atrás uma pessoa muito querida me alertou que ser assim tão triste acaba afastando as pessoas que é lógico, querem a sua volta as melhores energias e não uma fonte negativa, tornando a minha incerteza menos incerta , e dando a minha mente uma clareza doída de que, não importa se você é você , se eles sao eles, se não se diz não se incomoda com o que dirão os outros.
Sai ano, entra ano, é impossível agradar à todos, o clichês me consolam, e mesmo que eu deixe neste ano a experiência de ter escutado de alguém tão importante pra mim sobre seu cansaço de me ouvir sempre deslizando entre uma angústia e outra, no próximo ano, tornar-me-ei mais feliz, quem é que sabe? Sei que tanto faz, levarei comigo a cicatriz de tudo que vi e ouvi , todos os anos, se não como lembranças como experiência, como um recado pra mim mesma de ser como Chaplin , corrindo até quando a dor me torturar, porque talvez eu precise mesmo chegar ao ponto do prazer para aliviar a dor, ao ponto de casar meus olhos com a alegria das crianças esquecendo um pouco das minhas responsabilidades, me responsabilizando menos com tantas ajudas e tantas horas dedicadas á algué'ns' que não eu.
Quero sim que o ano novo venha a nós com todas as boas novas, mas não quero perder a chance de dizer que tudo o que escrevi, tudo o que vivenciei estará guardado em mim no próximo do próximo ano vindouro e seria hipocresia se eu disesse que não, e eu posso ser estúpida em não saber estar sozinha e depender do alô de alguém me dizendo que as coisas vão se acertar, mas não sou hipócrita , e disso, ah disso, eu tenho bastante orgulho.
Então, vamos aos boas festas e saúde , bla bla bla e que venha o tal 2010 !

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Eu sou ...

Eu sou um poste, em que se apoiam para resolver problemas pequenos como amarrar um sapato.
Uma esquina distante onde namorados apaixonados com relacionamento às escondidas se encontram.
Sou um ponto de ônibus, pessoas passam por ali todos os dias mas não se importam com as mudanças a menos que isso interfira em suas vidas, como retirarem a cobertura que só se percebe a falta em dias de chuva.
Sou a sós, um pronto socorro, um porto seguro, uma desculpa qualquer.
Acho que há dias em que sou sol em dia nublado, uma nuvem me encobre e não posso brilhar.
Sou um dia de domingo que todos curtem mais lamentam porque é dele que se recobra a consciência da segunda-feira.
Sou assim, sou de outra maneira, sou mais os outros que eu, mais nada.
E vou sendo, sem ser.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Mais um três de novembro

Hoje seria um dia ainda mais especial se você estivesse aqui.
Neste ano bem como no ano anterior eu não sei pra onde telefonar e é fato que continuo ótima em decorar os números das pessoas mas quando se foi, não deixou se quer uma caixa postal pra que eu pudesse entrar em contato.
Fica sem você há algum tempo é sempre dor e em dias como este a dor fica quse insuportável, eu juro, quando eu descobrir outra maneira de descrever isso, o post será menos tenso, por ora, é que o posso fazer... Escrever.
Escrever como me recordo todos os dias de você, como me acordava, tudo o que me disse ao longo de toda a minha vida.
Escrever que não foi para você que eu contei uma das coisas mais especiais da minha vida nos últimos meses porque infortuniamente não estava aqui quando voltei de viagem mas, foi em você que pensei quando me senti diferente no dia seguinte bem como é em você que penso a cada mudança que ocorre na minha vida e a falta que sinto de chegar e ouvir "filhota, me conte tudo, não me esconda nada"...
Esteja onde estiver, continuo te amando, sempre te amei, sempre vou te amar, daqui até o céu, ida e volta.
Parabéns pelo seu dia Mamá. Miss you.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Olhar

Sempre me questionei porque as pessoas dispensam maior atenção para tudo o que esta errado, para tudo que esta destorcido , para o que esta fora de ordem , fora do lugar.
Quando eu era mais nova alguém tomava a atenção por dar mais trabalho no colégio, por ser mais atentado, sair mais vezes do lugar, reprovar um ano. Agora que estou mais velha, não recebo a atenção porque perdi a minha mãe mas tecnicamente não fiquei órfã, ganhei uma filha sete anos mais nova que eu e um marido com quem a minha mãe quem se casou mas a quem hoje divido a preocupação que ele tem com nossas dividas e as dispesas de um lar que eu entendo e percebo, são muitas mesmo.
Tenho um namorado, ele é mesmo um namorado. Sempre fazendo companhia, ouvindo o que não merece quando dou escandalos sobre odiar a maneira como se comportam as pessoas e o rumo que minha vida tem tomado, um rumo que eu não planejei e que por isso não aceito. Atenção sincera a dele, me telefona, diz que me ama e que sente saudades, atenção da qual uma vez reclamei e que hoje, não vivo sem.
É isso, eu sempre lutei por um tantinho mais de atenção. Gostava da minha mãe olhando os meus cadernos e me cobrando uma letra ainda melhor, um capricho maior com meus pertences.
Gostava de como me cobrava que fizesse cafuné até que ela dormisse, sinto saudades de quando dizia: "Beija a mamá"...
No hospital, quando minha mãe ficou internada os enfermeiros eram sempre atentos a cada alteração de um paciente, dela e todas as demais pessoas do andar. Eram numerosos os andares e nunca tinha um leito vazio.
Existem pessoas especializadas para dar atenção à algo ou alguém, eu por exemplo, dispenso atenção à crianças de quatro anos por um período estpulado em contrato, professora de educação infantil que sou, paga para isso e por isso.
Assim? Pagamos para que alguém finalmente nos veja? Pago pelo "olhar" de alguém?
Hoje pensei muito num trecho da música da Legião Urbana, "sempre precisei, de um pouco de atenção, acho que não sei quem sou, só sei do que não gosto"... É a mais pura verdade, eu sempre precisei,.. E eu tive muita atenção por inumeras vezes e alguns dias.
Hoje são noventa e sete reais para que eu receba atenção quando precisar, tenho um plano de saúde que me confere o poder de adentrar um hospital e exigir que escutem, analisem,verifiquem e solucionem meus problemas.
Pena que nem todos os problemas são dessa natureza, porque fosse assim, cada amigo, cada pessoa na minha vida teria aquela maquineta que registra quando tempo eu passei em atendimento, quando tempo o médico dedicou ao atendimento e como e porque eu fui afinal, atendida.
Não deixo de pagar pela atenção dos médicos, mantenho dessa forma o meu direito de receber. Pagando e recebendo, neste campo estou bem, prontamente, só no dia de hoje fui encaminhada a pelo menos três especialidades, dá pra acreditar?
A única coisa que a doutora esqueceu de me dizer é como manter uma ficha completa em outras instancias da minha vida que mão aquele consultório onde sabem meu nome, idade e endereço apesar de não me visitarem...

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Aprendendo em doses homeopáticas...

Não sei ser só, não ser feliz só, só não sei ser só, só não sei se feliz, não sei, só.
Não plantei uma árvore, não tenho projeto de escrever um livro, não sou mãe, não fiz nada grandioso, não sei se daria conta de fazê-lo, não, não, não...
Sabe o que eu não sei? O que eu não li, não vi, não vivi.
Sabe quanto é isso?
Muito!
As vezes eu desperto com a impressão de que os dias não mais tão longos. Quando eu começava uma brincadeira eu terminava de brincar um tempão e mamãe me chamava para tomar banho, hoje eu apenas tomo banhos, já não brinco, mamãe não me chama e há tempos não tenho um tempão.
De que adiantariam hoje os dias longos? Com que eu preencheria tanto tempo se tempo eu tivesse de sobra?
Encheria de que as tardes em que eu tomava sol se hoje nem de tomar sol eu gosto mais?
Encheria de que as noites em que conversava com as amigas se hoje, nem as amigas são tantas nem há mais nas poucas que ficaram uma vontade de conversar por tanto tempo?
Encheria de que a minha vida inteira que hoje é só metade?
O que eu faço o que eu como, o quanto eu ando, o quando eu ganho, o quanto eu perco.
Estou um tanto farta das medidas, estou amarga das despedidas e desencontros.
Estou ao meio, alguém de alguém e ninguém sem o outro.
Eu sou a filha, a irmã, a sobrinha, a prima, a amiga, a namorada, a colega, a conhecida, a vizinha, a fulana.
É uma tentação não ser ninguém e quando se é, entristece.
Eu queria ser ninguém quanto apontam a pessoa mais bonita, mais simpática, mais bem sucedida, queria pra isso ser esquecida.
Eu queria ser alguém quando se recordam momentos felizes, quando se admite uma boa atitude, queria ser alguém quando todo mundo também queria.
O sim e não sempre tão próximos como o amor e o ódio vão tomando proposções tão maiores quando se é de fato maior.
Antes eu não tinha pressa, hoje é tudo o que eu tenho.
E pra onde eu corro?
Não sei.
Nem pra onde caminho e quando deixo de caminhar para corres, não sei pra onde corro, pra quem eu corro, quando é que posso parar uma corrida que eu nem se quer entendo porque comecei.
Sei que nada sei parafraseando alguém que eu não sei quem.
E tudo o que é sei é que não sei ser só, não ser feliz só, só não sei ser só, só não sei se feliz, não sei, só.
Não sei...




sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Verbo...

É, se tem uma coisa que dá um trabalho danado é esta coisa de separar passado, presente e futuro... Eu tenho muitissima dificuldade em me acostumar com o que foi embora, porque não está aqui e me adaptar ao fato de que nunca mais possa ter de volta aquilo que outrora era tão meu.
Tenho medo das coisas que eu vivi, e que vivo hoje e que sabe-se lá ainda tenha que viver um dia...
Receio que não haja tempo de que meus atos passados que hoje me torturam me sigam até os dias que ainda virão e que não tardam...
Li Shakespeare, mais uma vez pra entender a tal histório da diferença entre dar a mão e acorrentar uma alma. Leio e releio, releio e não vejo uma linha se quer em que eu não me encontre, em que eu não sinta empatia e pense: tá ai , eu sou mesmo muito idiota em ficar esperando por certas coisas...
A coisa de viver a vida intensamente, e essas frases feitas de um dia após o outro fazem casa vez menos sentido. Se eu viesse tudo o que quero , se disesse tudo o que penso e soltasse no vento tudo o que sinto, talvez nem passado, nem presente , nem futuro. Talvez nem eu...
E vamos seguindo.. No compasso que as horas permitam, donos de nós e apenas de nós, sem poder depender tanto e ser tão independente.
Sem crescer demais pra não perder o fico das coisas simples que despertam sorrisos...
Vivendo das medidas e desmedidas
Segue o link do texto que eu falei que leio e releio, e por favor, que eu não seja a única com valores tão antiquados sobre amizade, amor, casamento, sexo e vida.
http://www.cuidardoser.com.br/DEPOIS-DE-ALGUM-TEMPO.htm

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Pelo sim, pelo não. Não...

A vida e o que você consegue na e da vida é fruto de escolhas que você faz, o tempo todo, sem se dar conta do quão pesadas se tornam depois de algum tempo ao acarretar dos dias, meses e anos...
Disse a Karina: "As escolhas nem sempre são as melhores, mas são suas", e isso me remete a uma frase estúpida: "A grama do vizinho é sempre mais verde".
Quando eu era bem pequena, minha mãe queria me dar de presente um boneco chamado Cascatinha, eu não me recordo muito bem de como ele era, enfim, fato é que eu chorei porque queria o Fofão. Minha mãe então, deu-me a meu gosto o boneco que eu pedi.
Fui pra minha casa com minha escolha nas mãos, embrulhada num lindo papel, uma caixa enorme.
Acho que bastou chegar em casa e percebi, abri o presente e olhei bem nos olhos do boneco, chorei... chorei rios, hoje é engraçado imaginar que eu tive medo de uma coisa que eu cismei que queria e que num momento me fez tão feliz e no outro deixou tão frustrada, enfim, eu fechei o Fofão por anos. Não podia ver o boneco que abria um berreiro imenso.
Foi assim que eu descobri que eu nunca vou fazer as melhores escolhas mas eu as farei na vida daqui até o último ar Deus me permita respirar...
Pelo sim, pelo não, hoje o não está tão mais forte.
Eu não mais diversas coisas que antes eu sim, sabe?
Mas é isso; "Minha mãe mandou eu escolher este daqui", e fiz letras. Detesto dar aulas de língua portuguesa, amava literatura pra mim mas não gostei de estimular que a amassem, principalmente os adolecentes...
Fiz muita coisa, decidi muita coisa, coisas ruins e coisas boas.. E sou o resultados de tudo cujo meu dedo pode apontar e dizer sim sim, não não.
Agora aguenta ... Né ? rs

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

É ... Mesmo.

Ser aceito é quase sempre um problema, isso começa desde o nascimento até o final da nossa vida, pense que ao nascer somos aceitos em uma vaga, em uma maternidade, em um horário, no mundo. Aceitos em um cartório, em nossas casas, por um grupo de pessoas , familiares, amigos.
E crescemos pra ser aceitos em uma creche, um colégio, uma universidade, um emprego.
Ser aceito é algo com que não se deve lutar, é algo para que se deve...
E há quem diga: "Não me incomodo ou me preocupo em ser aceito" sendo que , pensando assim, ou há uma fuga por não querer essa tal aceitação ou então, faz-se parte de um grupo dos que não querem e não ligam e para tal, é aceito dentro deste grupo.
A clareza destas linhas não me pertence, acreditem, eu hoje estou com alucinógenos naturais de alegria, mas sei que os meus leitores, poucos de bons leitores hão de concordar, que essa tal sociedade de cobranças, há que se burlar para então ser um tantinho "filiz".
Neste feriado viajei uma hora e meia para a minha vida inteira. É exatamente daquele jeito que eu quis , que eu quero e que Deus também tenha este desejo.
Conheci grande parte da família do meu namorado, de onde saiu esse fusuê de pensamentos e medos: vão gostar mim ? Vão conversar comigo? Devo conversar com todos? Devo falar tudo como costumo fazer entre os meus familiares?
Sendo eu, fui.
E sendo eu, voltei.
Enquanto via o Fernando dormir uma lágrima solitária desceu dos meus olhos, amanhã, eu não estarei preocupada em como me colocar, porém... Eu estarei aqui e ele aculá.
E no final de semana que vem, junto de novo, direi novamente o quanto feliz fiquei por hora, ontem e anteontem e como pegar aquele onibus e todo o medo que senti cessou quando percebi que viajei mesmo para a minha vida toda, para ser eu dentro de outra esfera que não a de costume, mas acima de tudo, viajei para vê-lo e para tê-lo.
Ps 1 - Amor, eu rambém (sim, eu prestei atenção no que disse)
Ps 2 - Feliz dia das crianças...

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Êta povo bão !!!

Foi sentido Lapa que eu descobri que o brasileiro tende a ser muitíssimo educado. Em uma estação qualquer porque o mapa não interessa no momento mas sim a questão magnífica que eu vivi, o “carro” parou. Parou e uma voz do além: “Localizamos um problema, um técnico está trabalhando para a normalização, aguardem em seus lugares”.Aguardamos pois em nossos lugares, ninguém, por mais incrível que isso pareça ousou dar uma cambalhota, sair dançando pelo vagão, nem a pessoa que estava a um milímetro de mim tentou mover seus pés... Não, nada haver com o medo de não encontrar outro lugar naquele imenso espaço para recolocar seus pés no chão e sim por ser uma senhora muitíssimo a favor das regras que seguiu o conselho do maquinista que gentilmente nos pediu que ali permanecêssemos até que tudo voltasse aos trilhos.Tempos depois, tudo como antes, seguimos viagem até a barra funda onde fiz a transferência gratuita para os trens da CPTM – outra gentileza é a gratuidade em você poder num mesmo espaço mudar de plataforma e adentrar o trem que também te ajuda fisicamente uma vez que você treina salto à distancia, zelando, pois existe “um espaço entre o trem e a plataforma”.Ai sim, quase ninando com um vai e vem sem fim, consegui finalmente a terra firma, caminhei ate onde precisava , cumpri com o meu compromisso e retomei a rota contrária dessa vez, porque estávamos indo de volta para casa.Agora digam. Somos ou não educados. Primeiro ninguém se moveu, depois, ninguém em absoluto deixou de saltar para fora do trem tomando os devidos cuidados solicitados pela voz divina que cuida do nosso nem estar bem como a Prefeitura e o Governo do grande Estado de São Paulo.

domingo, 27 de setembro de 2009

Lugar algum ?

Me disseram que sou muito melhor escrevendo que falando e que as bobageiras que ando pensando poderiam me levar há algum lugar. Eles estavam certos , o primeiro lugar para o qual meus pensamentos me trouxeram foi o meu computador, que graça a uma rede pode ser ligado com todo o restante do mundo.
Basicamente não há mais como se esconder, mesmo que você desligue os seus telefones, que delete seu perfil num site de relacionamento, que n sua residência desconectem-se todos os cabos, por mais perdido que alguém possa ficar, sempre haverá um encontro.
Que seja um encontro com o desconhecido, mas trata-se de um encontro ainda assim.
Algumas vezes eu saio andando a noite, por aí , sem rota, é claro que não desafio meus limites físicos e fico pela redondeza, o bairro onde moro e as ruas pelas quais já passei um pouco mais sóbria que durante as andanças, e querendo me esconder, me encontro com outras pessoas no caminho, não há mais como ficar só.
Se me tranco no quarto deitam-se comigo pensamentos tantos que perco o sono e torno a me reconhecer num mundo onde é impossível não depender, não perguntar, não questionar, não ficar inquieto.
A inquietude me veio dias atrás olhando através da porta do metrô.
Duas crianças brincavam na calçada, era estreita, nenhuma segurança, jogavam as bolinhas de gude e vibravam, foram segundos porque a cada estação existe um instante apenas pra observação acontecer, mas aquele segundo durou um dia inteiro.
Eles brincavam enquanto carros passavam com sua pressa de chegar, eles brincavam e eu os observava pensando no risco, eles brincavam e só.
Sinto saudades de quanto eu só me preocupava com o instante, quando eu não fazia planos e, portanto não me frustrava tanto também.
Sinto saudades de longas conversas com pessoas com quem hoje mantenho diálogos muito básicos de boas normas de convivência e tolerância.
Tem gente que se orgulha de ver a vida com outros olhos, ninguém escreve texto por estar fechando os olhos pra vida, daí que eu sou essa pessoa, eu sou a pessoa que fechou os olhos e que está seguindo os conselhos do Cazuza “Vida louca, vida, vida breve, já que eu não posso te levar, quero que você me leve”.
Uma grande amiga me disse, a vida é uma droga, encare.
Outra disse, a vida é o seu maior presente encare.
E juntando tudo a vida é o meu maior apresente, apesar de estar uma droga, é hora de encarar.
Escrever me faz refletir sobre por onde eu começo...
E se eu não quiser começar por lugar nenhum uma mudança efetiva, deixei pra posteridade a dica de que escrever pode levar você para algum lugar, nem que seja este lugar a cozinha da sua casa onde você apoia na mesa o seu computador e lamenta cheia de nãos rondando a cabeça quanto tempo perdeu sem vontade nenhuma de recuperar seja lá o que for que tenha ficado para trás;
O que é mais triste disso tudo?
Ter consciência de toda a porcaria que eu penso e ainda assim, estar aqui. Esperando o tempo passar como disse uma professora minha de lingüística. “Se você não lê, não estuda, não produz, sente e espere”.
Acho tão mais interessante aquelas pessoas que vão no primeiro curandeiro e se sentem curadas, entram na igreja e saem de La convertidas, que vão ao médico e num segundo sentem-se aliviadas e leves. Inveja dos que as vezes se deixam levar pelos conselhos mal dados de alguém “Tudo vai dar certo”, ah, tem uma clássica que eu não posso deixar de rir a cada vez que alguém pronuncia ou escreve “Se ainda não deu certo é porque não chegou no final”, botequim... Pura filosofia pobre e tola de quem se quer se deu conta de que os pensamentos soltos dos outros são apenas pensamentos soltos dos outros.
Por pior que eu esteja ainda prefiro ficar com os meus pensamentos soltos, de botequim ou não, destes que a gente fica forçando no final da noite quando embriagado pelo álcool ou pelo sono, ao menos eu pensei toda aquela imensidão de besteiras sozinhas, já que você se decide por deixar a vida passar pelo menos não carregue ninguém, pare apenas o seu caminho e que sua imensidão de emoções sejam suas e não colhidas das bonitas frases feitas de autores desconhecidos ou consagrados que se quer sabem o seu nome.
Adoro literatura, os livros são ótimos companheiros, com eles aprendi frases lindas, sou capaz de me recordar sempre que tento traçar linhas como estas, mas de vez em quando, sem vergonha que sou assumo, toda a porcaria escrita aqui é minha, muito minha e de mais ninguém...
Cheguei mesmo a algum lugar, mesmo que lugar algum, problema do seres humanos que dão nomes as coisas “Lugar algum” , não é um lugar ?
Ficamos ai entre o ovo, a galinha o lugar e o lugar algum.