segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Olhar

Sempre me questionei porque as pessoas dispensam maior atenção para tudo o que esta errado, para tudo que esta destorcido , para o que esta fora de ordem , fora do lugar.
Quando eu era mais nova alguém tomava a atenção por dar mais trabalho no colégio, por ser mais atentado, sair mais vezes do lugar, reprovar um ano. Agora que estou mais velha, não recebo a atenção porque perdi a minha mãe mas tecnicamente não fiquei órfã, ganhei uma filha sete anos mais nova que eu e um marido com quem a minha mãe quem se casou mas a quem hoje divido a preocupação que ele tem com nossas dividas e as dispesas de um lar que eu entendo e percebo, são muitas mesmo.
Tenho um namorado, ele é mesmo um namorado. Sempre fazendo companhia, ouvindo o que não merece quando dou escandalos sobre odiar a maneira como se comportam as pessoas e o rumo que minha vida tem tomado, um rumo que eu não planejei e que por isso não aceito. Atenção sincera a dele, me telefona, diz que me ama e que sente saudades, atenção da qual uma vez reclamei e que hoje, não vivo sem.
É isso, eu sempre lutei por um tantinho mais de atenção. Gostava da minha mãe olhando os meus cadernos e me cobrando uma letra ainda melhor, um capricho maior com meus pertences.
Gostava de como me cobrava que fizesse cafuné até que ela dormisse, sinto saudades de quando dizia: "Beija a mamá"...
No hospital, quando minha mãe ficou internada os enfermeiros eram sempre atentos a cada alteração de um paciente, dela e todas as demais pessoas do andar. Eram numerosos os andares e nunca tinha um leito vazio.
Existem pessoas especializadas para dar atenção à algo ou alguém, eu por exemplo, dispenso atenção à crianças de quatro anos por um período estpulado em contrato, professora de educação infantil que sou, paga para isso e por isso.
Assim? Pagamos para que alguém finalmente nos veja? Pago pelo "olhar" de alguém?
Hoje pensei muito num trecho da música da Legião Urbana, "sempre precisei, de um pouco de atenção, acho que não sei quem sou, só sei do que não gosto"... É a mais pura verdade, eu sempre precisei,.. E eu tive muita atenção por inumeras vezes e alguns dias.
Hoje são noventa e sete reais para que eu receba atenção quando precisar, tenho um plano de saúde que me confere o poder de adentrar um hospital e exigir que escutem, analisem,verifiquem e solucionem meus problemas.
Pena que nem todos os problemas são dessa natureza, porque fosse assim, cada amigo, cada pessoa na minha vida teria aquela maquineta que registra quando tempo eu passei em atendimento, quando tempo o médico dedicou ao atendimento e como e porque eu fui afinal, atendida.
Não deixo de pagar pela atenção dos médicos, mantenho dessa forma o meu direito de receber. Pagando e recebendo, neste campo estou bem, prontamente, só no dia de hoje fui encaminhada a pelo menos três especialidades, dá pra acreditar?
A única coisa que a doutora esqueceu de me dizer é como manter uma ficha completa em outras instancias da minha vida que mão aquele consultório onde sabem meu nome, idade e endereço apesar de não me visitarem...

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Aprendendo em doses homeopáticas...

Não sei ser só, não ser feliz só, só não sei ser só, só não sei se feliz, não sei, só.
Não plantei uma árvore, não tenho projeto de escrever um livro, não sou mãe, não fiz nada grandioso, não sei se daria conta de fazê-lo, não, não, não...
Sabe o que eu não sei? O que eu não li, não vi, não vivi.
Sabe quanto é isso?
Muito!
As vezes eu desperto com a impressão de que os dias não mais tão longos. Quando eu começava uma brincadeira eu terminava de brincar um tempão e mamãe me chamava para tomar banho, hoje eu apenas tomo banhos, já não brinco, mamãe não me chama e há tempos não tenho um tempão.
De que adiantariam hoje os dias longos? Com que eu preencheria tanto tempo se tempo eu tivesse de sobra?
Encheria de que as tardes em que eu tomava sol se hoje nem de tomar sol eu gosto mais?
Encheria de que as noites em que conversava com as amigas se hoje, nem as amigas são tantas nem há mais nas poucas que ficaram uma vontade de conversar por tanto tempo?
Encheria de que a minha vida inteira que hoje é só metade?
O que eu faço o que eu como, o quanto eu ando, o quando eu ganho, o quanto eu perco.
Estou um tanto farta das medidas, estou amarga das despedidas e desencontros.
Estou ao meio, alguém de alguém e ninguém sem o outro.
Eu sou a filha, a irmã, a sobrinha, a prima, a amiga, a namorada, a colega, a conhecida, a vizinha, a fulana.
É uma tentação não ser ninguém e quando se é, entristece.
Eu queria ser ninguém quanto apontam a pessoa mais bonita, mais simpática, mais bem sucedida, queria pra isso ser esquecida.
Eu queria ser alguém quando se recordam momentos felizes, quando se admite uma boa atitude, queria ser alguém quando todo mundo também queria.
O sim e não sempre tão próximos como o amor e o ódio vão tomando proposções tão maiores quando se é de fato maior.
Antes eu não tinha pressa, hoje é tudo o que eu tenho.
E pra onde eu corro?
Não sei.
Nem pra onde caminho e quando deixo de caminhar para corres, não sei pra onde corro, pra quem eu corro, quando é que posso parar uma corrida que eu nem se quer entendo porque comecei.
Sei que nada sei parafraseando alguém que eu não sei quem.
E tudo o que é sei é que não sei ser só, não ser feliz só, só não sei ser só, só não sei se feliz, não sei, só.
Não sei...




sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Verbo...

É, se tem uma coisa que dá um trabalho danado é esta coisa de separar passado, presente e futuro... Eu tenho muitissima dificuldade em me acostumar com o que foi embora, porque não está aqui e me adaptar ao fato de que nunca mais possa ter de volta aquilo que outrora era tão meu.
Tenho medo das coisas que eu vivi, e que vivo hoje e que sabe-se lá ainda tenha que viver um dia...
Receio que não haja tempo de que meus atos passados que hoje me torturam me sigam até os dias que ainda virão e que não tardam...
Li Shakespeare, mais uma vez pra entender a tal histório da diferença entre dar a mão e acorrentar uma alma. Leio e releio, releio e não vejo uma linha se quer em que eu não me encontre, em que eu não sinta empatia e pense: tá ai , eu sou mesmo muito idiota em ficar esperando por certas coisas...
A coisa de viver a vida intensamente, e essas frases feitas de um dia após o outro fazem casa vez menos sentido. Se eu viesse tudo o que quero , se disesse tudo o que penso e soltasse no vento tudo o que sinto, talvez nem passado, nem presente , nem futuro. Talvez nem eu...
E vamos seguindo.. No compasso que as horas permitam, donos de nós e apenas de nós, sem poder depender tanto e ser tão independente.
Sem crescer demais pra não perder o fico das coisas simples que despertam sorrisos...
Vivendo das medidas e desmedidas
Segue o link do texto que eu falei que leio e releio, e por favor, que eu não seja a única com valores tão antiquados sobre amizade, amor, casamento, sexo e vida.
http://www.cuidardoser.com.br/DEPOIS-DE-ALGUM-TEMPO.htm

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Pelo sim, pelo não. Não...

A vida e o que você consegue na e da vida é fruto de escolhas que você faz, o tempo todo, sem se dar conta do quão pesadas se tornam depois de algum tempo ao acarretar dos dias, meses e anos...
Disse a Karina: "As escolhas nem sempre são as melhores, mas são suas", e isso me remete a uma frase estúpida: "A grama do vizinho é sempre mais verde".
Quando eu era bem pequena, minha mãe queria me dar de presente um boneco chamado Cascatinha, eu não me recordo muito bem de como ele era, enfim, fato é que eu chorei porque queria o Fofão. Minha mãe então, deu-me a meu gosto o boneco que eu pedi.
Fui pra minha casa com minha escolha nas mãos, embrulhada num lindo papel, uma caixa enorme.
Acho que bastou chegar em casa e percebi, abri o presente e olhei bem nos olhos do boneco, chorei... chorei rios, hoje é engraçado imaginar que eu tive medo de uma coisa que eu cismei que queria e que num momento me fez tão feliz e no outro deixou tão frustrada, enfim, eu fechei o Fofão por anos. Não podia ver o boneco que abria um berreiro imenso.
Foi assim que eu descobri que eu nunca vou fazer as melhores escolhas mas eu as farei na vida daqui até o último ar Deus me permita respirar...
Pelo sim, pelo não, hoje o não está tão mais forte.
Eu não mais diversas coisas que antes eu sim, sabe?
Mas é isso; "Minha mãe mandou eu escolher este daqui", e fiz letras. Detesto dar aulas de língua portuguesa, amava literatura pra mim mas não gostei de estimular que a amassem, principalmente os adolecentes...
Fiz muita coisa, decidi muita coisa, coisas ruins e coisas boas.. E sou o resultados de tudo cujo meu dedo pode apontar e dizer sim sim, não não.
Agora aguenta ... Né ? rs

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

É ... Mesmo.

Ser aceito é quase sempre um problema, isso começa desde o nascimento até o final da nossa vida, pense que ao nascer somos aceitos em uma vaga, em uma maternidade, em um horário, no mundo. Aceitos em um cartório, em nossas casas, por um grupo de pessoas , familiares, amigos.
E crescemos pra ser aceitos em uma creche, um colégio, uma universidade, um emprego.
Ser aceito é algo com que não se deve lutar, é algo para que se deve...
E há quem diga: "Não me incomodo ou me preocupo em ser aceito" sendo que , pensando assim, ou há uma fuga por não querer essa tal aceitação ou então, faz-se parte de um grupo dos que não querem e não ligam e para tal, é aceito dentro deste grupo.
A clareza destas linhas não me pertence, acreditem, eu hoje estou com alucinógenos naturais de alegria, mas sei que os meus leitores, poucos de bons leitores hão de concordar, que essa tal sociedade de cobranças, há que se burlar para então ser um tantinho "filiz".
Neste feriado viajei uma hora e meia para a minha vida inteira. É exatamente daquele jeito que eu quis , que eu quero e que Deus também tenha este desejo.
Conheci grande parte da família do meu namorado, de onde saiu esse fusuê de pensamentos e medos: vão gostar mim ? Vão conversar comigo? Devo conversar com todos? Devo falar tudo como costumo fazer entre os meus familiares?
Sendo eu, fui.
E sendo eu, voltei.
Enquanto via o Fernando dormir uma lágrima solitária desceu dos meus olhos, amanhã, eu não estarei preocupada em como me colocar, porém... Eu estarei aqui e ele aculá.
E no final de semana que vem, junto de novo, direi novamente o quanto feliz fiquei por hora, ontem e anteontem e como pegar aquele onibus e todo o medo que senti cessou quando percebi que viajei mesmo para a minha vida toda, para ser eu dentro de outra esfera que não a de costume, mas acima de tudo, viajei para vê-lo e para tê-lo.
Ps 1 - Amor, eu rambém (sim, eu prestei atenção no que disse)
Ps 2 - Feliz dia das crianças...

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Êta povo bão !!!

Foi sentido Lapa que eu descobri que o brasileiro tende a ser muitíssimo educado. Em uma estação qualquer porque o mapa não interessa no momento mas sim a questão magnífica que eu vivi, o “carro” parou. Parou e uma voz do além: “Localizamos um problema, um técnico está trabalhando para a normalização, aguardem em seus lugares”.Aguardamos pois em nossos lugares, ninguém, por mais incrível que isso pareça ousou dar uma cambalhota, sair dançando pelo vagão, nem a pessoa que estava a um milímetro de mim tentou mover seus pés... Não, nada haver com o medo de não encontrar outro lugar naquele imenso espaço para recolocar seus pés no chão e sim por ser uma senhora muitíssimo a favor das regras que seguiu o conselho do maquinista que gentilmente nos pediu que ali permanecêssemos até que tudo voltasse aos trilhos.Tempos depois, tudo como antes, seguimos viagem até a barra funda onde fiz a transferência gratuita para os trens da CPTM – outra gentileza é a gratuidade em você poder num mesmo espaço mudar de plataforma e adentrar o trem que também te ajuda fisicamente uma vez que você treina salto à distancia, zelando, pois existe “um espaço entre o trem e a plataforma”.Ai sim, quase ninando com um vai e vem sem fim, consegui finalmente a terra firma, caminhei ate onde precisava , cumpri com o meu compromisso e retomei a rota contrária dessa vez, porque estávamos indo de volta para casa.Agora digam. Somos ou não educados. Primeiro ninguém se moveu, depois, ninguém em absoluto deixou de saltar para fora do trem tomando os devidos cuidados solicitados pela voz divina que cuida do nosso nem estar bem como a Prefeitura e o Governo do grande Estado de São Paulo.